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Sobre Rosas e Chumbo

Publicado em 2018 pela Editora Juizforana. Romance sobre uma família que atravessou o mundo a procura de paz

Tradições, crenças , costumes. 

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História

Maria Rosa Chumbo embala o sono de seu filho Francisco contando todas as passagens da sua família pelos caminhos ciganos.

 

Sobre Rosas e Chumbo - um elogio à Cultura Cigana

Acompanhar a jornada ficcional de uma família de origem cigana que chega ao Brasil no século XVIII até os descendentes próximos aos dias de hoje é a forma de Sãozinha Fernandes prestar homenagem a seus ancestrais e exaltar os hábitos do povo cigano. Em seu romance Sobre Rosas e Chumbo, a autora se inspira em personagens reais e cria uma viagem no tempo, mostrando as aventuras, a pujança e a capacidade de transformação da cultura cigana ao se entrelaçar com as dinâmicas do nosso país.

O romance conduz quem lê a um passeio pelo dia a dia dos acampamentos ciganos, com suas tradições, jeitos de trabalhar e organizar a natureza ao redor, relações familiares e modos de celebrar cada acontecimento da vida. A autora faz isso por meio de uma miríade de personagens, retratando brevemente suas características e ocupações, trazendo um panorama de uma vida nômade harmônica, divergente da visão preconceituosa e perseguidora normalmente dirigida aos povos ciganos por onde passam.

O livro resgata ofícios e práticas dos ciganos, que permitiam que vivessem com prosperidade em seus assentamentos temporários, além de possibilitar trocas comerciais com os povoados próximos. Confecção de artesanatos, joias e instrumentos musicais, culinária e remédios herbais, assim como o adestramento de cavalos são algumas das habilidades de domínio dos ciganos retratadas pela autora. E que, mesmo assim, não foram suficientes para que escapassem de estigmas criminosos e ataques destruidores a seus grupos. 

A narrativa é ágil, com linguagem simples e objetiva, fazendo com que a história avance rapidamente com muitos acontecimentos. Além de criar uma ambientação vívida e dinâmica, em vez de se deter em descrições, isso permite conhecermos a saga completa de diversas gerações da Família Chumbo nas pouco mais de 100 páginas do livro. 

Algumas das histórias são contadas do nascimento até a morte dos personagens, estabelecendo uma intimidade carinhosa com eles, bastante característica de uma obra com sabor de homenagem e que pretende trazer luz para histórias distorcidas pelas visões oficiais.

Um dos méritos do romance é focar na potência das personagens femininas, sua capacidade de ação e apoio mútuo, mesmo quando utilizadas como moeda de troca em acordos sociais. As cenas de casamentos, partos, curas e celebrações giram em torno da energia dessas mulheres e suas saias esvoaçantes. Sem que a força, presença e ação dos personagens masculinos seja deixada de lado. Mesmo assim, vez ou outra a figura feminina aparece como objeto de contornos pecaminosos, principalmente no que se refere a personagens negras.

Por outro lado, em seu entusiasmo para exaltar a cultura cigana, o romance acaba estabelecendo um maniqueísmo com relação aos gadjos (como são chamados os não-ciganos). Isso acaba tornando personagens de ambos os lados sem camadas que balancem as emoções de quem lê. E nem que se possa compreender melhor o potencial revolucionário da cultura cigana, que ainda hoje é vista como ameaça, portanto alvo de perseguição, pelas instâncias mais tradicionais de poder.

Ainda que não seja este o objetivo principal do romance, ele traz elementos para refletir sobre os ataques sofridos por corpos que ousam desobedecer uma ordem social estabelecida por uma lógica estritamente produtiva. Vinho, ornamentos, música, dança, banhos de prosperidade, tudo ressalta que os ciganos sabem mesmo é viver. Optcha!


Jornalista Juliana Protásio do Jornal da Bahia

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Sandra Luna e Sãozinha

Francisco

Maria Rosa e João Alves

Sãozinha Fernandes Acampamento  Cigano Virtual

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