O tempo e a cura
Publicado em 2022 pela Editora Raizes Serviços Editoriais.
O Tempo e a Cura exalta os poderes da natureza e das mulheres
Mulheres resilientes, gestos românticos e cultura cigana, tendo como pano de fundo a natureza exuberante do interior de Minas Gerais na primeira metade do Século XX. Com esses elementos, o romance O Tempo e a Cura, lançado pela autora Sãozinha Fernandes neste dezembro, tem encantamento de sobra para arrebatar as emoções de quem lê.
A história se passa entre as décadas de 1920 e 1950, mostrando uma teia complexa de relações de amor e amizade - mas também de preconceito e desconfiança - entre ciganos e habitantes da cidade fictícia de Estrela da Prata. Nela e seus arredores de matas, pedras e cachoeiras, as motivações humanas e a natureza se contrapõem, encontrando harmonia nos ofícios e modo de vida do povo cigano.
Tudo se move em torno do clã cigano dos Samotny, brava e sabiamente liderado pelo velho Cibor e sua esposa, a Shuvani Isolda, curandeira que cuida do grupo com seu dom vindo da água. Eles tornam-se amigos da jovem Madalena, uma das moças da cidade a quem os ciganos socorrem em mais de uma ocasião. Também vivem no acampamento as ciganas Natasha, Brígida e Branca, descendentes dos líderes e dotadas de poderes mágicos ligados aos elementos do vento, do fogo e da terra, respectivamente.
Sãozinha nos conta uma história rica de ação e romantismo, movida pela cultura cigana, com suas práticas cotidianas e rituais sagrados. Nela, as mulheres são protagonistas de suas escolhas e relações, já os homens, por sua vez, aparecem como algozes ou parceiros amorosos e de luta por justiça. São forças importantes, mas complementares.
Algumas mulheres da cidade também surgem com seus próprios dramas e conquistas, sempre com suas vidas entrelaçadas às das ciganas, de quem recebem acolhida e cura. Entre afazeres domésticos, ervas e rituais, a troca de afeto e conhecimento entre elas as ajuda a enfrentar doenças, dores da alma e uma sociedade que sempre limitou as mulheres.
Como uma longa trança, os ramos narrativos se cruzam e se completam, a cada momento tendo um deles em primeiro plano, para logo dar destaque a um outro, até que o trançado esteja concluído. Isto garante uma leitura leve e prazerosa, que a cada momento oferece novos elementos para ter uma conexão desvendada, sem que nenhum deles se perca. Guardando, inclusive, uma verdadeira surpresa nas últimas páginas
As páginas avançam à base das intrigas em meio a relações de amor e de parentesco, além de disputas de poder de homens sobre mulheres ou sobre o ambiente natural. A proximidade característica não apenas da cultura cigana do clã, mas também presente em cidades pequenas dos gadjos (povos não-ciganos) ontem e hoje, mostra-se capaz de transformar ações motivadas por desejo ou desafeto em grandes eventos. E é isto que move O Tempo e a Cura de um jeito bastante dinâmico.
Apostando em uma linguagem simples e direta, Sãozinha ganha espaço para nos envolver com a ambientação onde se desenrolam as ações e o espírito de suas personagens, sempre ressaltando o elemento cigano. A caracterização que a autora oferece, bem como a descrição da simbologia e ritualística buscam ultrapassar o enredo ficcional. Através de sua literatura, ela brinda o público com informações a respeito de uma cultura e de uma etnia que, mesmo já estando presente no Brasil desde o período colonial, ainda hoje é estigmatizada. E para que isto possa ser superado, é fundamental que seja mais conhecida.
Juliana Protásio
Jornalista e sócia da Editora Tertúlias.com.vc
Tradições, crenças , costumes.

Sinopse:
O Tempo e a Cura
O Clã da família cigana Samotny chega à cidade de Estrela da Prata em 1929 contratados pelo dono das terras, com intuito de evitar uma invasão de moradores de cidades vizinhas que estavam à procura de um local para construir suas casas. Também havia um inimigo que planejava implantar uma extração de pedras naquelas terras. Durante onze anos os ciganos cuidavam e faziam os seus trabalhos com pouco contato com os moradores locais, mas eram procurados para acudir as pessoas quando não havia recursos médicos. Até que a jovem cigana Natasha, presencia um crime.
A jovem Natasha vai mostrando o seu talento e a sua sensibilidade, sua força e sintonia com o elemento ar. Ela era casada com o seu cigano Rocco. O esposo extremamente apaixonado...
Espero que você leitor também se apaixone.
